Simpósios e Minicurso
Simpósio temático 1:
Mundo Rural, Diversidade e Arqueologia
Proponentes:
Carlos Magno Guimarães (UFMG; carlosmagnoguimaraes@yahoo.com.br)
Marcos André Torres de Souza (Museu Nacional, UFRJ; torresdesouza@ufrj.br)
Palavras-chave: Mundo rural, contextos agrários, diversidade.
Resumo: A proposta deste simpósio é criar um espaço de debate e reflexão voltado ao estudo dos sítios rurais brasileiros e sua pluralidade. Levando em conta o potencial decorrente da interação da arqueologia com outras áreas do conhecimento, o simpósio pretende, desse modo, abarcar o Mundo Rural em sua ampla diversidade. Ainda que sirva de espaço para o estudo de sítios rurais relacionados à economia de exportação e aos grandes “ciclos econômicos”, abre-se também para outros contextos, como, por exemplo, fazendas de economia mista e roças de subsistência, bem como sítios de baixa visibilidade, que têm recebido menos atenção por parte dos pesquisadores. Espera-se que o simpósio sirva de espaço para eixos temáticos variados, tais como culturas determinadas, categorias sociais, atividades cotidianas, poder e política, gênero, conflitos sociais, campesinato, questões agrárias, relações cidade-campo, entre outros. Perseguindo uma maior amplitude nos estudos arqueológicos sobre os sítios rurais, busca trazer para o primeiro plano a diversidade existente e debates que possam contribuir para problematizarmos de uma maneira mais ampla a sua presença em diferentes regiões brasileiras.
Simpósio temático 2:
Arqueologias Interativas Históricas Digitais e Analógicas
Proponentes:
Prof. Dr. Alex da Silva Martire (Instituto de Ciências Humanas e da Informação, Universidade Federal do Rio Grande, alexmartire@furg.br) e Ma. Amanda Daltro de Viveiros Pina (Museu de Arqueologia e Etnologia, Universidade de São Paulo, amandaviveiros@usp.br)
Palavras-chave: Arqueologia Digital, Ciberarqueologia, Archaeogaming
Resumo: Este simpósio tem por objetivo estabelecer o estado da arte sobre a Arqueologia Digital Interativa que vem sendo realizada no Brasil no âmbito da Arqueologia Histórica. Entende-se por este tipo de arqueologia aquilo que oferta/demanda do usuário a interatividade em tempo real, ou seja, a capacidade de mudança de conteúdo dinamicamente em ambiente virtual. Desse modo, este simpósio versará sobre Ciberarqueologia, Archaeogaming (digital ou analógico), Impressão 3D e Realidade Virtual/Aumentada em geral aplicada à arqueologia.
Simpósio temático 3:
Arqueologia Histórica e Licenciamento: Discussões e ações para otimização de abordagens e procedimentos.
Proponente:
Dr. Carlos Eduardo Ferreira Melchiades – Peruaçu Arqueologia - carlos@peruacuarqueologia.com.br
Palavras-chave: Licenciamento, Arqueologia histórica, Condições de trabalho
Resumo: Este simpósio se propõe a discutir um dos temas mais pertinentes no que tange o ofício do Arqueólogo, sua atuação em processos de licenciamento dentro do espectro da Arqueologia Histórica. A concorrência no mercado, as atividades propostas e executadas, as dificuldades encontradas pelos profissionais de Arqueologia enquanto estudiosos do patrimônio, casos bem-sucedidos de preservação/estudo de bens arqueológicos, manejo de sítios em centros urbanos, situações pelo interior do Brasil, reconhecimento de patrimônios locais enquanto sítios arqueológicos. Todas essas e mais questões que nós, enquanto arqueólogos vivenciamos no dia a dia do licenciamento tem seu espaço de discussão na proposição deste simpósio. O eixo temático do simpósio abrange os variados enfoques da Arqueologia Histórica, como os estudos da arqueologia da arquitetura, da arqueologia da escravidão e da diáspora africana, da arqueologia do capitalismo, da arqueologia industrial, da arqueologia urbana e demais temas aos quais se depara o profissional de arqueologia durante a execução de seu ofício, sobretudo no que tange às especificidades que apresentam quando inseridas nos processos de licenciamento ambiental.
Simpósio temático 4:
Arqueologias das Arquiteturas
Proponente:
Leonardo L. V. Klink (Doutorando PPGAn/UFMG, leonardoklink@gmail.com)
Palavras-chave: Arqueologia da Arquitetura, Espacialidades, Estruturas Arquitetônicas.
Resumo: Nascemos, sociabilizamos, aprendemos e transitamos cotidianamente em meio aos mais diversificados tipos de espaços e suas arquiteturas, sejam elas associadas a ambientes pedagógicos, hospitalares, sagrados, comerciais e domésticos, entre outros. Devido à crescente presença de arqueólogas e arqueólogos europeus em projetos de preservação e restauração, e à percepção das características persuasivas dos atributos arquitetônicos dos edifícios – que, ao serem projetados e manipulados, induzem e sugerem as maneiras como devemos nos comportar ao acessá-los (agir, falar, vestir, comer, andar, olhar, etc.) –, as arquiteturas e suas compartimentações vêm sendo alvos da disciplina arqueológica nas últimas quatro décadas, enquanto um tipo de cultura material com inúmeros potenciais para os interesses acadêmicos e das comunidades locais. Entre eles, o potencial mais explorado em contextos onde há problemáticas relacionadas às maneiras como os espaços são hierarquizados, adulterados e/ou transitados corresponde ao emprego de metodologias como o Modelo de Análise Gamma – proveniente dos arquitetos Bill Hillier e Julienne Hanson (1984) – e, aos cálculos de índices desenvolvidos e publicados pelo arqueólogo Richard Blanton em “Houses and Households” (1994). Entretanto, mesmo que estas ferramentas teóricas oriundas da Sintaxe Espacial tendam a caracterizar grande parte das pesquisas de Arqueologia da Arquitetura no Brasil, as possibilidades neste campo não se limitam a elas. Além de trabalhos que empreguem os modelos de análises espaciais citados ou que enfoquem e salientem os modos como determinados agentes percebem, contestam ou se apropriam dos locais que compõem determinada paisagem, esta proposta de Simpósio Temático (ST) acolhe e também se interessa por discussões envolvendo outras e novas maneiras de se pensar e abordar as mais diversas arquiteturas sob os rigores arqueológicos. Entre elas, vale citar os levantamentos e as análises estratigráficas murárias, as investigações a elementos específicos (janelas, varandas, portas, volumetrias, etc.) e às maneiras como estruturam e atuam sobre as experiências espaciais, bem como os estudos envolvendo técnicas de construção e suas matérias-primas, por exemplo.
Simpósio temático 5:
Arqueologia das imagens: retóricas visuais e metamorfoses conceituais
Proponente:
Luara A. Stollmeier - Pesquisadora colaboradora do Laboratório de Estudos Antárticos em Ciências Humanas (UFMG). E-mail: luarastollmeier@gmail.com
Palavras-chave: Arqueologia das imagens; Arqueologia das imagens gráficas; Discursos coloniais; Fazer-futuros
Resumo: Nesse simpósio temático, compartilharemos nossos esforços e trajetórias em função de uma arqueologia crítica das imagens, em dois sentidos diferentes e complementares: 1. Como foram e são engajadas imagens em produções arqueológicas e, a partir das reflexões filosóficas e conceituais que esse movimento impulsiona, 2. Quais arqueologias temos feito possíveis quando pesquisamos uma imagem histórica? Como nossos conceitos disciplinares têm se metamorfoseado frente à uma imagem? Nos 1990, quando os questionamentos sobre as imagens utilizadas pela arqueologia se estruturam em um debate reconhecido como Arqueologia das Representações, arqueólogues sugeriram que, talvez, o nosso conhecimento e ideias não se ampliem no mesmo ritmo das evidências arqueológicas porque reproduzimos em nossas pesquisas, automaticamente, sempre as mesmas imagens (Moser; Gamble, 1996, p.210). Com essas imagens são reproduzidos também modelos conceituais sobre o mundo, valores e ordenações parciais. O movimento de analisar imagens se fundamenta na proposição de que essas não sejam apenas ilustrações operando um modo de representação, mas que funcionem como ferramentas do pensamento arqueológico, articulando imaginações passadas e futuros possíveis, ou mesmo dinâmicas de fazer-futuros, nos termos de Harrison (2018). Tendo entendido esse legado, nesse simpósio discutiremos avanços na prática arqueológica de engajar imagens, teorias e métodos de análise não representacionistas sobre imagens históricas e contemporâneas, não centradas, exclusivamente, na epistemologia ocidental.
Simpósio temático 6:
Arqueologia Histórica no Norte do Brasil: Histórias, Desafios e Novas Abordagens
Proponente:
Diogo Menezes Costa, PhD – UFPA, dmcosta@ufpa.br
Palavras-chave: Arqueologia Histórica, Norte do Brasil, (Des)Colonização
Resumo: Este simpósio foca na investigação da arqueologia histórica no Norte do Brasil, com ênfase nas dinâmicas socioculturais, econômicas e ambientais que moldaram a região. A arqueologia histórica aqui é entendida como uma disciplina que explora o período de contato e as influências europeias, africanas e indígenas, desde o século XVI até o presente. Serão abordados temas como a ocupação colonial, as estratégias de resistência das populações indígenas, afro-brasileiras e ribeirinhas, e o impacto das atividades econômicas e políticas na configuração da paisagem cultural da região. É com grande entusiasmo que convidamos vocês a se juntarem ao nosso simpósio temático, "Arqueologia Histórica no Norte do Brasil: Histórias, Desafios e Novas Abordagens." Este evento é uma oportunidade única para que novas vozes e perspectivas inovadoras sejam ouvidas e debatidas. Reconhecemos a importância das contribuições dos jovens acadêmicos para o avanço do conhecimento e a renovação das práticas arqueológicas. Sua participação será fundamental para enriquecer as discussões, trazendo novas abordagens, questionamentos e insights que muitas vezes passam despercebidos pelos mais experientes. Queremos criar um espaço acolhedor e instigante onde vocês possam apresentar suas pesquisas, compartilhar desafios e trocar experiências com colegas e especialistas da área. Este é o momento para inserir suas ideias no debate acadêmico e contribuir para a construção de um conhecimento mais diverso e plural sobre a arqueologia histórica no Norte do Brasil. Esperamos ansiosamente por suas contribuições e por uma troca intelectual que certamente será enriquecedora para todos os participantes. Venham somar suas vozes e perspectivas ao nosso simpósio!
Simpósio temático 7:
Arqueologia em contextos de engenhos e plantations
Proponentes:
Isaac Lopes Garcia de Melo (Museu Histórico de Igarassu – PE/Universidade Federal de Pernambuco, isaac.melo@ufpe.br) e Moysés Marcionilo de Siqueira Neto (Universidade Federal do Rio Grande do Norte/Universidade Federal de Pernambuco, moyses.siqueira@ufpe.br)
Palavras-chave: arqueologia de engenhos, plantation, patrimonialização
Resumo: O tema engenhos, nome popular para propriedades rurais que plantam e processam variedades de cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.) sob trabalho cativo, ocupa parte expressiva do Pensamento Social Brasileiro desde o século XIX. Explorado pelos mais destacados intérpretes do Brasil de forma mais ou menos crítica, engenhos e outros tipos de plantations são certamente lócus de uma síntese cultural violenta que, propiciada pela colonização, constitui parte central da formação social brasileira. Nos últimos anos, a arqueologia vem contribuindo para o entendimento das complexas relações sociais existentes nesses espaços. Contribuições que envolvem a análise arqueológica das estruturas arquitetônicas e tecnologias construtivas das edificações (casa grande, senzalas, engenhos, capelas, etc.), comportamento de consumo, materialidade de grupos subalternizados, paisagens construídas a partir das diversas interações entre agências humanas e não humanas efetuadas nos contextos de influência desses empreendimentos. Tais estudos estão imbricados em questões sociais fundamentais como classe, etnicidade, economia, ecologia e relações de dominação e resistência. Além disso, o estudo dos engenhos pela arqueologia histórica tem contribuído com os processos de patrimonialização. Processos esses que envolvem instituições e comunidades no debate sobre as legislações, políticas públicas e fomento para preservação desses espaços. Tudo isso é ampliado pelas ações de licenciamento ambiental, bem como, do incentivo ao turismo cultural e/ou rural nos engenhos. Diante da variedade de abordagens aplicadas ao estudo arqueológico dos engenhos, o simpósio temático pretende abrir um espaço de discussão sobre as (1) diversas pesquisas arqueológicas para interpretação de contextos relacionados a engenhos e outros tipos de plantation e (2) relatos e estudos de experiências sobre a patrimonialização e preservação, incluindo ações educativas, desses espaços e seus desafios.
Simpósio temático 8:
Arqueologias do Mundo Contemporâneo: presentes e futuros.
Proponentes:
Rui Gomes Coelho (Department of Archaeology - Durham University, rui.g.coelho@durham.ac.uk) e Andrés Zarankin (Departamento de Antropología e Arqueología – UFMG, zarankin@yahoo.com).
Palavras-chave: mundo contemporâneo, cultura material, teoria, metodologia
Resumo: A partir da década de 1980, diversas propostas teórico-metodológicas têm focado nas formas de tratamento e nos alcances interpretativos de conceitos como “cultura material”, para desenvolver uma arqueologia do mundo contemporâneo ou do presente. Propostas como as de William Rathje, Michael B. Schiffer e Daniel Miller foram os alicerces para fosse se consolidando um leque de possibilidades de pesquisa que hoje adquirem diferentes nomes: arqueologia do passado contemporâneo, arqueologia da supermodernidade, arqueologia etnográfica, arqueologia do presente, estudos de cultura material, dentre outros. O objetivo do Simpósio é oferecer um espaço de diálogo e discussão geral sobre os estudos entendidos como “Arqueologias do Mundo Contemporâneo”. Serão aceitas apresentações tanto com reflexões sobre pressupostos teórico-metodológicos, como análise de casos aplicados a contextos diversos, como por exemplo: análise de prisões e campos concentração, reflexões sobre conflito, estudos de arquitetura moderna, brinquedos, práticas de alimentação, entre outros. Convidamos os participantes a refletir nas circunstâncias de produção do conhecimento arqueológico no presente, e na forma como a arqueologia do mundo contemporâneo pode oferecer uma crítica das condições materiais que definem as nossas experiências individuais e coletivas.
Simpósio temático 9:
Da escavação à sala de aula: métodos inovadores na divulgação da Arqueologia Histórica
Proponentes:
Anne Kareninne Souza Castelo Branco (CAPES/ MAE/USP, e- mail: annecb@usp.br) e Virginia Marques da Silva Neta (CAPES/MAE/USP, e-mail: virginiamarques@usp.br)
Palavras-Chave: Arqueologia Histórica, Práticas Educativas, Novas Tecnologias.
Resumo: O simpósio propõe um debate aprofundado sobre as práticas educativas que integram os campos da Educação e Arqueologia Histórica, com um foco especial na interdisciplinaridade existente entre essas áreas. A proposta visa discutir, de maneira prática, os desafios e inovações na aplicação de metodologias didáticas, especialmente na divulgação das propostas educativas que envolvem a Arqueologia Histórica. Tecnologias emergentes, como recursos digitais, realidade aumentada, jogos eletrônicos e ferramentas interativas, serão centrais na discussão, com ênfase em seu potencial para
transformar o ensino e a comunicação da Arqueologia em ambientes diversos: formais e não-formais. Destarte, o simpósio almeja proporcionar um espaço de reflexão, diálogo e troca de experiências entre os acadêmicos e profissionais, com o objetivo de impulsionar a prática das novas abordagens em Educação Patrimonial e/ou Arqueologia Pública.
Simpósio temático 10:
Arqueologia de Quilombo e com Comunidades Quilombolas
Proponentes:
Fabio Guaraldo Almeida (LINTT/MAE/USP, e-mail: fabio.almeida@alumni.usp.br) e Rosinalda Olaséní Corrêa da Silva Simoni (UFT, PDPG/PUC Goiás e PPGH/Unesp, e-mail: rosinegra@gmail.com).
Palavras chaves: Quilombos, Quilombolas, Epistemologias antirracistas
Resumo: Na história da Arqueologia brasileira, os estudos de quilombos têm papel significativo. Segundo Symanski (2009, p. 281), o estudo dos quilombos de Minas Gerais, coordenado por Carlos Magno Guimarães e Ana Lúcia Lanna (1980) foi uma das primeiras arqueologias com foco nos segmentos oprimidos da sociedade moderna. Posteriormente, outros projetos de arqueologia, como do arraial de Canudos, no interior da Bahia (Zanettini, 1988) e da Serra da Barriga, em Alagoas (Funari, 2005) somaram-se a esse esforço de pesquisa. Após a constituição de 1988, um debate epistemológico entre antropólogos e historiadores conduziram a ressignificação do conceito de quilombo no Brasil (Almeida, 1998). A Arqueologia se manteve à margem das discussões, havendo um período de reflexão teórico do tema. Quando no início da década de 2010, a Arqueologia retoma os trabalhos com quilombos, os estudos surgem para reconhecer o protagonismo social dos quilombolas na produção do conhecimento como formadores de paradigmas e, por isso, como ação política inerente à prática científica (Carvalho, 2012; Guaraldo Almeida, 2012; Moraes, 2012). Desde então, o trabalho de arqueologia com comunidades quilombolas vem contribuindo para o desenvolvimento dessas comunidades e da própria Arqueologia enquanto campo de conhecimento. Atualmente, a arqueologia de quilombo conta com arqueólogas quilombolas produzindo conhecimentos a partir de suas próprias comunidades (cit. Simoni, 2024, Elaine Pinto 2023; Rafaela Pinto; 2023), fazendo com que quilombolas deixem de ser objetos, para se tornarem sujeitos de sua pesquisa. Nesse mesmo movimento antirracista e contra colonial, há quilombolas não arqueólogos participando de Congressos e Simpósios para produzir conhecimentos sobre as relações de comunidades com a arqueologia (cit. Guaraldo Almeida, Pedroso, Campos, 2020), e existem pesquisas arqueológicas discutindo teorias e epistemologias a partir do engajamento com comunidades quilombolas (cit. Hartemann, Moraes, 2019; Moraes, Costa, Jesus, 2022). Ano passado, a centralidade das comunidades quilombolas na produção de conhecimento ganhou reforço com a criação da Portaria IPHAN nº 135/2023, a qual reconhece as comunidades quilombolas como bens tombados e regulamenta o tombamento dos documentos e sítios arqueológicos dos antigos quilombos. Assim, nesse momento efervescente de garantia dos direitos quilombolas e seu protagonismo histórico, o presente Simpósio objetiva fomentar o reconhecimento político das comunidades e de seu patrimônio cultural. Para tanto, propõe reunir as pessoas que trabalham com o tema para refletir sobre os caminhos das pesquisas arqueológicas de quilombo e com comunidades quilombolas, sua relevância para a Arqueologia e seus desdobramentos para os mais interessados: os quilombolas.
Simpósio temático 11:
Variável Atlântica: A Arqueologia do Atlântico Negro como Estudo Comparativo
Proponentes:
Rui Alexandre da Graça Gomes Coelho (Dep. de Arqueologia da Universidade de Durham) e Lúcio Menezes Ferreira (Dep. de Antropologia e Arqueologia da UFPel / Programa de Pós-Graduação em Arqueologia do Museu Nacional, UFRJ)
Palavras-chave: Atlântico Negro, diáspora africana, estudos comparativos
Resumo: Desde que Robert Farris Thompson definiu a noção de Atlântico Negro, a escala mínima dos estudos afrodiaspóricos é verdadeiramente oceânica. Requer trafegar pelos dois lados do Atlântico, mergulhar em suas correntes e contracorrentes, para exercitar-se o que podemos definir como enfoque tricontinental: o entendimento das redes que formaram as relações econômicas, políticas e culturais entre a África, as Américas e a Europa. Navegar por essa escala oceânica, ou variável atlântica, requer abordagens comparativas, translocais. O propósito é o de entender como os processos coloniais criaram circularidades atlânticas em meio as quais objetos, pessoas e práticas ligaram geografias distantes e modelaram a diáspora africana. No Brasil e alhures, a arqueologia, com sua habilidade para interpretar artefatos, paisagens e seus contextos, tem navegado na escala oceânica do Atlântico Negro para situar as coordenadas das experiências afrodiaspóricas, suas materialidades, agenciamentos, práticas e memórias. No vai e vem das ondas atlânticas, a arqueologia tem colaborado ativamente para destrinçar as redes que emaranharam o cotidiano material dos processos de transformação, agência e resistência efetuados por africanos, africanas e seus descendentes em diáspora. Observa-se, contudo, e não só no Brasil, que nem todas as pesquisas arqueológicas observam estritamente o horizonte do Atlântico Negro. A escala adota é, quase sempre, local, dificultando análises comparativas de largo espectro, voltados a delinear as estruturas de semelhanças e diferenças que marcaram, e ainda marcam, as experiências e modos de existência afrodiaspóricas. A ideia desse simpósio é a de ensejar um primeiro ensaio comparativo de pesquisas arqueológicas correntes, não apenas aquelas realizadas no Brasil, mas também na Europa ou na África. Esperamos, pois, que a diversidade de pesquisas sustente uma conversação arqueológica comparativa sobre o Atlântico Negro.
Simpósio Temático 12:
Análise arqueológica de louças em contextos periféricos
Proponente:
Fernanda Codevilla Soares (UFPI, fernandacodevilla@ufpi.edu.br)
Palavras-chaves: louças, contextos periféricos, novas metodologias
Resumo: As louças incluem-se entre as categorias de materiais sobre as quais a Arqueologia Histórica brasileira mais investiu esforços classificatórios e interpretativos. A partir delas, pesquisas pioneiras de análises de materiais foram desenvolvidas. Certamente, elas figuram entre os principais vestígios recuperados em sítios oitocentistas (Lima, 1995), seja pela quantidade de fragmentos encontrados, tendo em vista a popularidade que alcançaram neste período, seja pelas inúmeras possibilidades de interpretação que oferecem (Symanski, 2001). Todavia, de modo geral, a maior parte dessa produção teve como foco na análise de sítios localizados em regiões centrais e litorâneas, além de, muitas vezes, estar vinculadas a grupos de elite (Soares, 2013). No entanto, a dispersão destes materiais não se concentra, exclusivamente, neste tipo de contexto ou período. Pesquisas atuais discutem a presença destes recipientes em senzalas, sítios urbanos, contextos sertanejos, sítios rurais, áreas industriais e de mineração, entre outros. Além disso, novas metodologias de análise, envolvendo exames químicos e de outros tipos estão sendo realizados. Esse simpósio busca criar um espaço para que as atuais análises arqueológicas de louças possam ser discutidas, tendo como foco o estudo de louças em contextos periféricos.
Simpósio Temático 13:
As pequenas coisas de perto
Proponentes:
Dra. Patrícia Carolina Letro de Brito (Letrus Arqueologia Ltda, patricia.letrus@gmail.com) e Dra. Sarah de Barros Viana Hissa (Universidade Federal do Recôncavo Bahiano – UFRB, sarah.hissa@gmail.com)
Resumo: Nas escavações de sítios arqueológicos, muitas vezes recuperamos certo tipo de artefatos, que, em função da sua unicidade, poder interpretativo e potencial de divulgação, passam a ser entendidos como pequenos achados, cada vez mais significativos, apesar do “esquecimento” inicial a que foram submetidos. De modo geral, são aqueles itens destoantes – adornos, botões, cachimbos, fivelas, moedas, peças de jogos, frascos diversos entre outros - que ilustrarão relatórios e artigos, pois, além de tudo, possuem apelo estético e imaginativo. Eles muitas vezes (mas não exclusivamente) tem tamanho diminuto e se referem a usos particulares, íntimos e pessoais, também capazes de comunicar sobre vivências de grupos sociais específicos, detentores de códigos culturais próprios ou compartilhados. Essas pequenas coisas, encontradas seja em pequeno número, como em grandes quantidades, em distintos contextos, podem nutrir discussões muito variadas e profundas, indo desde questões identitárias e ontológicas até econômicas e lúdicas. Cada vez mais, e diante dos variados vieses, tem-se buscado compreender e evidenciar o entrelaçamento entre estes símbolos tangíveis e seus aspectos intangíveis, no qual reside valores específicos e memórias. Assim, esse simpósio convida reflexões sobre tais coisas e os temas que elas suscitam. Esperamos que, ao congregar uma diversidade de perspectivas sobre esses variados artefatos, poderemos caminhar mais adiante no entendimento do que os tornaram – e os torna – especiais.
Simpósio Temático 14:
Arqueologia e Iconografias Afro-Diaspóricas
Proponente:
Luis Symanski (Departamento de Antropologia e Arqueologia / Universidade Federal de Minas Gerais)
Palavras-chave: diáspora africana, iconografia, simbolismo
Resumos: A proposta deste simpósio temático é agregar estudos sobre as expressões iconográficas presentes em contextos afro-diaspóricos. Tais expressões são encontradas em diferentes suportes, a exemplo de vasilhames cerâmicos, cachimbos, e paredes de abrigos rochosos. Em muitos casos a iconografia presente nesses suportes remete a símbolos e estéticas de origem africana que foram reproduzidos ou reconfigurados nos contextos diaspóricos, a exemplo de marcas de escarificações, cosmogramas e ideogramas. A arte rupestre, em adição, além da apresentação desses signos, contém, em muitos casos, narrativas gráficas sobre temáticas diversas, que vão de cenas do cotidiano a rituais de caráter religioso. Tratam-se, assim, de casos excepcionais para se penetrar em facetas do universo simbólico dessas populações dificilmente acessíveis com base nos registros escritos tradicionalmente empregados nas pesquisas historiográficas. Por outro lado, há uma rica iconografia, produzida, sobretudo, por artistas estrangeiros, que retrata o universo da escravidão no Brasil, e que também pode ser utilizada como fonte para o estudo da materialidade afro-diaspórica, gerando subsídios para uma melhor compreensão dos significados e práticas desses grupos.
MINICURSO:
Archaeogaming: Construindo Narrativas Não-Lineares Digitais na Arqueologia Histórica
Proponentes:
Prof. Dr. Alex da Silva Martire (Instituto de Ciências Humanas e da Informação, Universidade Federal do Rio Grande, alexmartire@furg.br) e Ma. Amanda Daltro de Viveiros Pina (Museu de Arqueologia e Etnologia, Universidade de São Paulo, amandaviveiros@usp.br)
Duração: 4 horas
Resumo: O Archaeogaming tem se destacado no âmbito acadêmico por trazer contribuições atuais ao conteúdo/forma tradicional de pesquisas e difusão. O uso de computadores, além de facilitar o trabalho do pesquisador, permite que seu produto seja elaborado de modo visual mais chamativo, permitindo ao usuário/estudante interagir em tempo real com o conteúdo apresentado. Nossa proposta é a de fornecer aos participantes os conhecimentos básicos de estruturação e programação da ferramenta open-source para narrativas interativas e histórias não-lineares denominada Twine (twinery.org). Partindo de exemplos da arqueologia histórica brasileira, serão orientados os meios de se traduzir os vestígios para formatos digitais que permitam ao usuário escolher por quais caminhos da narrativa navegar, bem como quais os melhores modos de distribuir a produção final e como fazê-los. O objetivo do minicurso é demonstrar a utilização do Twine, com o foco em criações de narrativas interativas, escrita e vinculação de passagens, o ensino sobre estilo e estruturação do texto e publicação de histórias no Twine. A narrativa interativa é uma ferramenta muito útil e versátil que pode ser aplicada em vários campos. Durante o workshop, os participantes terão a oportunidade de trabalhar juntos, criar seu próprio jogo de aventura baseado em texto e compartilhar seus jogos com todos os participantes do workshop. Desse modo, a proposta desse minicurso é a de introduzir os participantes no campo das Arqueologia Digital Interativa a partir da produção de conteúdo autoral, estabelecendo um diálogo entre a arqueologia e a computação.
Observação: É necessário que os participantes levem seus computadores pessoais com o programa Twine instalado (twinery.org)